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    12 de fevereiro, 20248 minutos de leitura

    Entrevista #1 - O evangelista do trabalho remoto!

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    Samuel dos Santos Alves

    Manager na BPTech
    Em 21 dias conseguimos fechar todas as vagas que precisávamos graças ao trabalho remoto

    Salve, defensor do trabalho remoto, beleza?

    Eu sou o Caio, fundador do Trampar de Casa ✌️

    Hoje, vou compartilhar a história do Sam, gerente na BPTech, que, por meio de muita pesquisa, dedicação e análise de mercado, conseguiu converter o modelo de trabalho da empresa em que trabalha de 100% presencial para uma mistura de remoto* com regime híbrido. Quer saber como? Vamos lá!

    Nota: Trabalho remoto aplicável para funcionários fora de Belo Horizonte - Minas Gerais

    Sumário

    Quem é você?

    - Sou Samuel dos Santos Alves, tenho 30 anos, sou mineiro (de BH), Engenheiro Ambiental de formação pela CEFET e possuo pós graduação na área.

    Do que você gosta?

    - De tocar baixo para caramba, jogar RPG Online, de gatos (temos 5 aqui em casa) e de Learn in Public (aprender em público).

    Já tive banda de Jazz, MPB e até Death Metal. Dei aula voluntária de música na UFMG, oscilei também entre pesquisas sobre história da ciência, engenharia ambiental e filosofia.

    Qual baixista te inspira?

    - O melhor de todos os tempos é o Jaco Pastorius, mas o que acompanho atualmente é o Evan Marien.

    Do que você gosta no Learn In Public?

    - Gosto muito de learn in public, acho que foi a melhor coisa que já aconteceu, você consegue aprender sem estudar, não existe nenhuma pressão ou obrigação. Comecei a aprender muito mais rápido e de maneira muito mais descontraída.

    Trajetória Profissional

    Não tive uma carreira linear, desisti de muitas áreas antes de ingressar na computação.

    Engenheiro ambiental
      /
    Músico
      \
    Pesquisador
      /
    Músico
      \
    Engenheiro Ambiental
      /
    Dev Júnior
      \
     Dev Pleno
        \
       Dev Sênior
          \
        Tech Lead
            \
          Manager
    

    Engenharia Ambiental

    - Comecei a trabalhar nos processos das barragens de rejeitos de Mariana, em Brumadinho, lá em 2019, já no modelo remoto. Nesse emprego eu já sabia programação (tive 1 ano de aula na faculdade com linguagem C), não botava muita fé mas sempre fui um aluno dedicado, tentava resolver os problemas sem pesquisar na internet, quebrei muito a cabeça mas fazia as coisas "na unha".

    Quando começou oficialmente na computação

    - Desisti de muita coisa: música, história da ciência e engenharia ambiental. Passei por todas essas áreas e perdi o emprego quando tinha 27 anos durante a pandemia.

    Já tinha uma noçãozinha de C#, já manjava de C e decidir virar a chave: fiz um bootcamp de 90h e com ele consegui minha primeira vaga oficial na computação. 🎉

    Carreira como dev

    Daí pra frente foi loucura, trabalhei em squads de empresas gigantes, arrumei mentores que mantenho amizade até hoje e me ajudaram desde o primeiro dia que "respirei" na área. Dei essa "sorte".

    Nesse primeiro emprego tive uma responsabilidade bem grande na squad de produtos pagos, para mim foi bem desafiante porque eu tinha estudado só 3 meses e já tive que fazer CI/CD (Continuous Integration / Continuous Deployment) na AWS (Amazon Web Service), implementar arquitetura serverless e resolver vários problemas.

    Tive que trabalhar mais do que 8h/dia sem ganhar a mais por isso, minha curva inicial foi sofrida.

    Burnout

    Sofri um burnout, ganhei 15kg, tinha dor de cabeça, bruxismo, estava super estressado e precisei largar os freelas, foi o preço que paguei.

    Hoje consegui reverter o quadro, to feliz demais, minha saúde tá boa, treino musculação todo dia, não saio da dieta e isso me ajuda demais com a rotina de trabalho!

    (Façam exercícios ✌️!)

    Passando de nível

    Bem, com 10 meses resolvi pedir aumento e consegui, depois descobri que não era isso o que eu queria, resolvi testar o mercado e consegui passar para (uma vaga de) pleno.

    Em 9 meses me promoveram para Sênior 🥂

    Acho que o que me salvou foi a maturidade profissional, eu já havia liderado times em outras áreas e possuía um conhecimento multidisciplinar (música, história, biologia e filosofia).

    Como fez para progredir na carreira? Nos 2 primeiros anos sempre pegava muito freela, lia muita documentação, alguns livros da O'Reilly e comecei a mentorar uma galera que buscava mudar de área, isso me ajudou.

    Subi vários MVPs (Minimum Viable Product) do zero, daí comecei a pegar freelas em cargos de liderança e comecei a receber offers (proposta de emprego) para Tech Lead. Eu sabia que esse tipo de cargo ajudaria a deslanchar minha carreira. Tive também algumas mentorias com o @sseraphini, e isso me levou até o cargo que estou hoje.

    Quais foram os seus desafios?

    A mudança de carreira foi um grande desafio.

    Tecnicamente falando: já tive que mudar 50.000 itens de um banco de dados NoSQL (MongoDB) em produção do dia para noite.

    Meu maior desafio é o atual, estou em uma empresa que conseguiu se vender num período muito curto de tempo (e sabemos que programar correndo causa bastante débito técnico).

    Meu desafio hoje é preparar essa empresa para a proporção que ela precisa e é o desafio que eu acho mais legal.

    Por que você odeia else?

    A real é que não odeio else, isso é muito mais sobre ter um cuidado com o código do que qualquer outra coisa. Infelizmente ou felizmente no javascript você pode fazer de tudo, mesmo se tiver errado vai rodar.

    Eu defendo muito as boas práticas de programação e não tenho problema de assumir que estava errado, já mudei de ideia várias vezes. As pessoas gostam de criar, mas não de otimizar nem de entender a fundo o que foi criado.

    Como eu gosto de pesquisar muito, vou sempre tentando descobrir qual a melhor opção a se usar.

    Gosto de discutir, propôr debates, para melhorar! O papo do else começou com uma discussão, causou algumas dores (inclusive em mim), mas se tornou uma fonte de debate, de aprimoramento pessoal e coletivo.

    Qual sua stack atual?

    Minha Stack atual é Node <3.

    Cheguei a mexer com .NET, Go, Laravel PHP, SQL, NoSQL mas eu pensei "Mano, vou em Node, se eu for muito bom nisso aí, alguma empresa vai precisar de alguém que manja".

    Foquei em arquitetura, criei meus traumas com Clean Architecture e Arquitetura Hexagonal, gosto de muito de layers, depois comecei a estudar brutal Sistemas Distribuídos e para mim, os artigos do @zanfrancheschi me ajudaram demais, ele fez muita diferença, me ajudou muito a aprender coisas que eu não sabia que não sabia.

    Sempre que vejo alguém brabo postando sobre algum assunto que não conheço, eu resolvo ir aprender e aprendo.

    Qual tecnologia você se identifica?

    Node, porque paga minhas contas e foi a tecnologia que me acolheu.

    Sou do time Low Effort High Rewards.

    Por conta disso, escolhi o caminho de virar um Manager ao invés de trilhar um caminho de trabalho internacional.

    No momento que eu encontrar uma tecnologia que traga mais benefícios que o Node por um custo de esforço menor, eu troco. Até lá, vou ficar no Node.

    O Go é como uma segunda linguagem, como trabalho com serverless, o Golang acaba ficando mais barato, mas não gosto dele como linguagem principal porque ele é mais complexo.

    No momento que Go for mais fácil que JS, eu largo o JS.

    Trabalho Remoto

    Como começou?

    Trabalhei remoto por 5 anos, desde antes de entrar na área de TI e aí, no final de 2023, eu peguei um trabalho full presencial (emprego atual).

    Por que que eu topei essa loucura? Porque foi a chance mais clara de assumir uma liderança interessante com um case mais interessante ainda!

    Eu teria espaço para trazer conhecidos, opinar, construir e ter uma voz ativa na empresa.

    Antigamente, eu não tinha voz para mudar os problemas, sempre fui questionador e propositivo. Eu via o problema, falava com os gestores mas nada adiantava, então fui me frustrando.

    Emprego Atual

    Nessa empresa atual é diferente, eu tenho muito mais voz e poder para mudar e aplicar as melhorias.

    É uma empresa que saiu de 1.000 para 30.000 usuários em 1 ano, que precisava de alguém que conseguisse implantar um modelo de gestão moderno, se comunicar bem com o time de produto, potencializar os desenvolvedores, o sistema e, consequentemente, escalar o time.

    Entrei ali principalmente pelo conhecimento em Node e capacidade de comunicação e consegui resolver vários problemas desse grupo de maneira muito rápida.

    Todo o progresso foi muito perceptivo tanto para a gestão quanto para os C-Levels de que a empresa melhorou.

    Processo Seletivo

    Eles precisavam expandir, é uma empresa que cresce numa velocidade muito rápida, e precisava expandir com muita qualidade.

    Argumentei que a qualidade não fosse a desejada se tratando do regime de trabalho presencial. Conversei com eles que os bons desenvolvedores trabalhavam para fora e principalmente para São Paulo e não conseguiríamos tirar os bons desenvolvedores do conforto deles.

    Com isso, iniciamos processos de contratação que não foram muito bem sucedidos, acredito que por conta do regime 100% presencial.

    Algo que garanti para eles foi que, no momento que flexibilizassem o regime, em 1 mês eu fecharia todas as vagas que eles precisassem.

    Flexibilização

    Consegui, junto com o time, convencê-los a mudar o regime de trabalho, de 100% presencial para:

    Com isso,

    Em 21 dias conseguimos fechar todas as vagas que precisávamos, graças ao networking e boas relações que fiz nos últimos anos.

    Depois de 5 anos trabalhando full home office, 2 meses trabalhando full presencial, percebi que não é toda empresa que está pronta para o home office.

    (O trabalho remoto) Precisa de um gestor atualizado, mente aberta e com conhecimentos de tecnologia que ajude na transição para o modelo remoto, nem todas as empresas terão esse tipo de gestão e tendem a continuar no modelo presencial.

    O que percebi nesse tempo com o modelo híbrido é que:

    Ao mesmo tempo, você não submete o time ao desconforto do full presencial. Você mantém alguns momentos de integração e mais proximidade, ao mesmo tempo que você consegue fornecer ao funcionário um benefício que a mão de obra dele permite.

    Se você for muito rígido com o híbrido, você vai perder talentos.

    Os melhores funcionários estão atrás de conforto, é muito mais fácil encontrar profissional sênior, e sênior de qualidade, os mais eficientes, quando você oferece um modelo de trabalho 100% remoto.

    Sem documentação e processos o home office não funciona muito bem.

    Defendo a cultura de não existirem heróis no squad, o herói vira gargalo e gargalos são caríssimos.

    Não há nada pior do que o gargalo, isso é muito danoso para a área de gestão e para os outros funcionários da empresa, sou a favor de um modelo coletivo, gosto de fazer o time crescer como uma unidade, onde todos se ajudam, preciso de documentação, de flexibilidade e para isso, o herói não funciona.

    Para um modelo de gestão que eu gosto e opero:

    O presencial é ineficiente, muitas vezes barulhento, pode favorecer dispersão e não consegue prover ao trabalhador todos os benefícios da profissão.

    O híbrido não é ineficiente. Embora barulhento, ele contribui para um squad mais pro-ativo e unido, facilita a criação de intimidade e formação de laços.

    Mas, para mim, o trabalho remoto é o melhor modelo de trabalho.

    Considerações finais

    Esse foi o relato do Sam, profissional de tecnologia extremamente qualificado, que viu no trabalho remoto uma oportunidade de atrair e reter talentos para a empresa que trabalha.

    Muito obrigado por ler até aqui!

    Grande abraço e até a próxima!